domingo, 8 de abril de 2012

para deixar arquivado

Confesso, cheguei a hesitar em responder. O problema é que diante dessa situação, senti-me obrigada a falar algumas muitas coisas, não mais por nós, mas por você, pela sua vida.
Fico me perguntando até onde vai essa sua mania de entender de tudo, saber de tudo e ainda por cima querer passar para frente isso como um ensinamento.
Olha, eu já conheci muita gente inteligente, bem sucedida, normal, humilde, fudida, gente que eu não tenho noção de quantos milhões tem em conta, gente que não tem noção da genialidade que tem. Mas nenhuma, nenhuma das pessoas que eu conheci quis me ensinar nada que eu não quisesse aprender. Nenhuma quis me ensinar a beber vinho, a me comportar bem com um homem. Nenhuma quis me ensinar o que eu devo e o que eu não devo falar ou fazer antes, durante ou depois de um encontro. Não há gente dentro do meu mundo (que já passou, passa e passará gente de todo tipo, raça ou nacionalidade) que me ensine ou queira me ensinar coisas como essa. Porque quem ensina isso é pai e mãe e com certeza eles me ensinaram. O negócio é que as vezes eu me dou o direito de fingir que não sei para não passar por situações que não são da minha vontade.
Mais uma vez você quis se mostrar um bom entendedor, mas como você pode não ser, imagino que não só uma palavra basta. Por isso, estou deixando tudo bem explicadinho.
Não, eu não vou entender que não existem mundos tão grandes capazes de separar duas almas com tantas ligações pelo simples fato disso existir. O que você sabe tanto de mundos, hein? Se só o seu importa, se só em volta de ti ele gira? Pois eu prefiro que você tente entender que sim, existem mundos muito, mas muito maiores que o meu e o seu. E por mais chocante que isso seja, eles não só existem como estão bem perto de você, só esperando você se interessar por eles. Mas sabe qual é o problema? Você não se interessa. Nada que seja diferente dos seus valores, razões, pensamentos te interessa. Nem a passagem por um campo de concentração nazista pela minha vida pôde te interessar. Nem a minha vida afastada do mundo por sete meses pôde te interessar. Nem a abertura da fábrica do meu pai pôde te interessar. Nem a morte da minha cachorra, nem a minha carreira de iniciante mas honesta e humana puderam te interessar.
Que mundo pode estar perto do seu a não ser você mesmo?
Você precisa entender que qualquer pessoa tem voz, tem história, tem experiência, tem dor, tem alegria, tem coisas para contar e não só você. E amizade, namoro, qualquer tipo de relacionamento interpessoal é feito para dividir. E que a vida não é uma exposição é um mergulho fundo dentro de todas as pessoas que te rodeiam. Esse mergulho te faz ser uma pessoa melhor, te faz crescer. As pessoas que te rodeiam, o mundo de cada uma delas, te faz ser uma pessoa, eu diria, mais interessante.
Abra-se, conheça, invada, queira estar com pessoas e escutar o que elas tem para te dizer. Tenho certeza que qualquer um no mundo tem muitas coisas para te dizer.
Eu sou uma delas. E digo agora para quem quiser ouvir/ler, que eu com meus vinte anos recém completados teria muito mais coisas para te contar, mais mundos para te mostrar e muito mais experiências do que você poderia imaginar que eu vivi. E eu já vivi tanta coisa. Já passei por tanta coisa.
Não duvide.
Pense em quantas pessoas você perdeu a oportunidade de conhecer realmente.
Eu só fui uma delas.